domingo, 8 de maio de 2016

Príncipe saudita afirma que "obter armas atômicas será uma opção caso o Irã quebre acordo nuclear"

Turki al-Faisal, príncipe saudita e ex-chefe de inteligência da monarquia absolutista. Ex-oficial afirmou que
"obter armas nucleares será uma opção, caso o Irã viole os acordos"
Imagem: Breitbart / AFP
O príncipe saudita Turki al-Faisal, um dos mais importantes membros da nobreza da Arábia Saudita, declarou, na última quinta-feira, que o desenvolvimento de armas nucleares pela monarquia absolutista "será uma opção, caso a República Islâmica do Irã quebre o acordo nuclear". A Arábia Saudita e o Irã são rivais que participam indiretamente na guerra civil da Síria - Teerã apoia o ditador xiita Bashar al-Assad, enquanto a nação aliada dos Estados Unidos na península arábica é acusada de fornecer armamentos aos grupos paramilitares salafistas, como a Al-Qaeda e o Estado Islâmico. A notícia sobre a declaração de Turki al-Faisal foi publicada no sábado pela CNN e divulgada hoje pelo site jornalístico Breitbart.

Conforme o portal Breitbart, "como reflexo do caos que ocorre no Oriente Médio, ex-integrantes de altos postos dos governos da Arábia Saudita e de Israel - nações que não possuem relações diplomáticas formais - falaram publicamente sobre sua percepção da República Islâmica do Irã como uma ameaça, sobre suas diferenças no que diz respeito à questão palestina e sobre o papel dos Estados Unidos na região". O site informa: "o príncipe Turki al-Faisal, ex-chefe de inteligência do governo da Arábia Saudita, declarou que seu país e Israel 'compartilharam informações de inteligência a respeito de ameaças à segurança dos dois Estados, em particular sobre o Irã'". Segundo a CNN, o integrante da nobreza saudita afirmou que "todas as opções estarão na mesa caso o Irã continuar o desenvolvimento de armas atômicas - incluindo a aquisição de armas nucleares, para enfrentar qualquer problema criado pela República Islâmica".

A declaração polêmica de al-Faisal foi realizada durante conferência conjunta para o Washington Institute for Near East Policy (Instituto Washington para a Política no Oriente Médio), feita em parceria com Yaakov Amidror, major-general reformado do exército israelense e ex-conselheiro de Benjamin Netanyahu. O ex-oficial da monarquia acrescentou: "nós dois fomos, no passado, representantes de nossos Estados, mas não estamos nos pronunciando como porta-vozes de nossos governos. Apesar disto, e não considerando o fato de que o reino saudita nunca reconheceu formalmente o Estado de Israel, as duas nações sempre cooperaram silenciosamente, ao longo de décadas, em particular com informações de inteligência referentes às ameaças vistas como igualmente perigosas pelas duas administrações".

O governo do Irã ressaltou, nos últimos meses, que "novos testes com mísseis balísticos ocorrerão sem a possibilidade de negociações". O Estado teocrático já possui armas com a capacidade de transporte de ogivas nucleares, e que já têm alcance para atingir alvos no território israelenese. No início de abril, o general iraniano Massoud Jazzayeri afirmou que "os cálculos feitos pelos EUA, a respeito da nossa intenção de criar armas nucleares, não estão inteiramente errados".

Ainda assim, integrante da nobreza árabe argumenta que "apesar da aparência de aliança contra um inimigo em comum, a Arábia Saudita e Israel não terão relações normalizadas em qualquer momento próximo". Al-Faisal sugeriu que "poderia haver cooperação da Arábia Saudita com o Estado de Israel caso houvesse acordos do governo de Netanyahu com os palestinos" - a monarquia absolutista é acusada de fornecer apoio militar e financeiro a grupos simpáticos ao salafismo, corrente ideológica adotada pelo Estado Islâmico e por ao menos um dos mais importantes grupos antissemitas palestinos, o Hamas. Turki al-Faisal comentou: "não houve fim na ocupação israelense da Palestina. Os palestinos precisam ter seu próprio país".

O Irã também fornece apoio militar a grupos extremistas na região, mas apenas aos que aderem à corrente xiita do islam, como o Hezbollah e o "Jihad Islâmica". No conflito sírio, Teerã é aliada da etnia curda (vítima de genocídio cometido pelo ISIS), de al-Assad e do próprio grupo Hezbollah, que atua em diversos países. A Arábia Saudita é acusada de sustentar o Estado Islâmico, a Al-Qaeda e alguns grupos moderados, como o Exército Sírio Livre. A Turquia é outra potência do Oriente Médio que está envolvida na conflagração, e, conforme o governo da República Islâmica do Irã, teria interesse em expandir o controle da maioria sunita sobre a nação do Levante.




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